Contexto Histórico

       No período em que estavam ocorrendo as Guerras de Canudos e do Contestado, acontecia ainda -  principalmente no Nordeste do Brasil, o movimento conhecido por Cangaço. Foram ao todo 70 anos de cangaço no sertão nordestino. Os seus maiores líderes foram Antônio Silvino e o Virgulino Ferreira da Silva, conhecido por "Lampião - o rei do Cangaço”.

    Os dois conflitos, Contestados e Canudos, ocorreram no período imediatamente após à Proclamação da República e, embora a oposição a esta deva-se mais a interpretações religiosas, é fato que tanto o líder de Canudos quanto o do Contestado, se opunham ao regime republicano.

      Contudo, é importante ressaltar que em nenhum dos casos houve qualquer oposição formal a República, sendo provável, inclusive, que os líderes desses movimentos não tivessem a real dimensão do que era realmente o regime republicano, bem como do que se passava na capital do Brasil, dado o relativo isolamento no qual viviam. Além disso, levemos em consideração a dificuldade de circulação de informações no período e principalmente, a simplicidade e as precárias condições de escolarização dos sertanejos de ambos os movimentos.

        No período dos dois conflitos os presidentes do Brasil eram: Prudente de Morais (que enfrentou a Guerra de Canudos), o Marechal Hermes da Fonseca e Venceslau Brás (que enfrentou a Guerra do Contestado). Prudente de Morais, primeiro presidente civil após dois presidentes militares por sua orientação mais conciliadora e moderada, permitiu a criação de um partido monarquista - fato este que provocou um temor em muitos militares: de perder os benefícios adquiridos durante os governos dos Marechais. Aliás, o governo do Marechal Hermes da Fonseca foi um tanto agitado, pois sempre ocorriam decretos de estado de sítio.

      Numa investida para tentar romper a "Política dos Governadores", o Marechal Hermes da Fonseca promoveu a "Política das Salvações". Depois desse momento, houve a eclosão de movimentos rebeldes contra a nova política presidencial. Entre as revoltas, podemos destacar a Revolta da Chibata, em 1914.

       Nos quatro anos do governo de Hermes da Fonseca, podemos destacar as quedas das exportações do café e da borracha, o que levou o país a uma crise econômica e consequentemente, a uma nova renegociação da dívida externa. Seria um segundo Funding Loan.

     Venceslau Brás foi outro presidente que foi eleito entre as costuras de acordos que (ainda) é conhecida por "Política do Café com Leite" (o termo vem paulatinamente caindo em desuso, pelo resultado das recentes revisões acadêmicas). O fato é que Minas Gerais e São Paulo se reconciliaram politicamente através do "Tratado de Ouro Fino". Assim, sem o apoio esperado, Rui Barbosa retirou a sua candidatura. O ano de 1914 ficou marcado pelo início da Primeira Guerra Mundial, e teve a participação do Brasil junto aos aliados. Houve aumento nas exportações de matérias primas e de alimentos. Com isso, ocorreu um "surto" de industrialização.

       A inibição das importações, permitiu ao Brasil criar novas indústrias - o que também estimulou a produção nacional e especializou a mão de obra operária. Além do surgimento de novas indústrias, houve uma reorganização das indústrias já existentes. Nesse momento, São Paulo passou a ter mais indústrias que o Rio de Janeiro. Logo no início do governo de Venceslau Brás, aconteceu a Guerra do Contestado - no fundo, por uma crise herdada do governo anterior.
      Canudos e Contestado aconteceram dentro deste complexo contexto histórico, em que o Brasil passava por profundas transformações e sofria os efeitos das guerras externas, além de ter que lidar com suas próprias crises políticas, econômicas e sociais.