Canudos e Contestado - semelhanças e diferenças

Dentre as semelhanças entre Canudos e o Contestado, destaca-se o fato de que ambos foram movimentos religiosos messiânicos, constituídos pelo mesmo tipo de atores sociais, sertanejos e caboclos pobres que viviam à margem do controle e da assistência do Estado e, por questões mais religiosas que políticas eram simpatizantes da monarquia. É preciso destacar, ainda, que ambos os movimentos foram, violentamente, reprimidos pelo governo republicano.
Quanto às diferenças, pode-se começar lembrando que Canudos teve apenas uma liderança, Antônio Conselheiro, ao passo que o Contestado teve uma sucessão de líderes, sendo o primeiro deles o “monge” José Maria e os demais, “meninas virgens” e “meninos deuses” que, acreditava-se, por sua pureza serem merecedores de falar com José Maria (após a morte deste) e dele receber orientações para condução do conflito na terra. É possível que a  capacidade de renovação, das lideranças do Contestado, seja a responsável pela sobrevivência do conflito durante quatro anos.
Outra diferença importante diz respeito ao caráter milenarista do Contestado que se associa, grosso modo, a existência de uma batalha final entre o bem e o mal e o entendimento de que o reino encantado que buscavam, não era “desse mundo” e sim “do céu”. Essa crença justifica, em grande medida, a relação impar que os sertanejos do Contestado tem com a terra. Para eles, ao contrário do que ocorre com os sertanejos de Canudos - para quem o arraial constituía-se no lugar escolhido para a construção de uma vida pacata, ordeira e regida por fortes preceitos religiosos – a terra assume um caráter simbólico, eles param de extrair dela o seu sustento, como o faziam enquanto simples camponeses, e passam a utilizá-la para o enterro dos seus mortos, pois acreditam que só enterrando-os na “terra santa” eles renascerão no exército sagrado de São Sebastião.
Está claro que esse curto post não conseguirá esgotar as semelhanças e diferenças existentes entre Canudos e o Contestado, por isso se esse assunto despertou seu interesse recomendamos a leitura dos textos e a visualização dos vídeos disponíveis na seção “Para saber +”.

Por Francisca Sales 

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